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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ação policial para conter viciado termina em morte

Policiais foram acionados pelo pai do rapaz, desesperado com agressões do filho




Victor Hugo Fonseca

 O desespero de um pai - um policial reformado - com o vício do filho terminou de maneira trágica ontem, em Belo Horizonte, quando o jovem, de 29 anos, foi morto, em casa, com tiros disparados por policiais militares chamados pela família para conter o rapaz. O comando da corporação aguarda o resultado da perícia que vai apontar se Bruno do Nascimento Magalhães, 29, foi mesmo executado com 12 tiros, conforme cogitado ontem. Um soldado acusado de fazer os disparos chegou a ser preso, mas foi liberado ontem à noite amparado por um alvará. A identidade do policial não foi revelada pelo Comando da PM. O corpo de Bruno foi enterrado ontem.
O tenente coronel Márcio Cassavari, comandante do 22º Batalhão, informou que as cápsulas recolhidas na casa, além das armas dos policiais envolvidos na ocorrência e a faca que teria sido usada pelo rapaz contra os militares também foram recolhidas para análise.
Segundo a polícia, os militares entraram na casa a pedido do pai de Bruno, que teria solicitado a eles que ajudassem a conter o filho drogado. O fato ocorreu de madrugada no bairro Esplanada, na região Leste. Um soldado, dois cabos e um sargento atuaram na ocorrência.
De acordo com o sargento Luciano Ramos, um dos militares envolvidos, o jovem estava trancado em um quarto da casa, onde usava drogas com mais dois homens, que foram presos. Segundo o militar, o rapaz teria reagido à ação dos policiais e chegou a atingir um deles com golpes de faca. Porções das drogas encontradas no quarto foram apreendidas.
A polícia alega que antes dos disparos de fogo, um dos militares teria dado dois tiros de balas de borracha contra o rapaz, mas diante da agressividade dele, foram feitos os disparos de fogo.
A versão da PM é que o soldado, ferido na perna, disparou, do chão, após cair de uma escada. O militar ferido foi medicado e liberado. "Pelos relatos está claro que houve uma ação de legítima defesa", afirmou o comandante do batalhão.
Segundo o sargento Ramos, ao chegarem na residência, os policiais teriam recebido autorização do pai do jovem, Marco Antônio Nascimento Magalhães, 64, para invadir o quarto. "Perguntamos a eles se ainda queriam uma intervenção nossa, mostramos os riscos disso. Eles disseram que sim", informou.
A família de Bruno critica a ação da PM. Para um primo do rapaz, Thiago Nascimento Castro, Bruno foi tratado como um criminoso. "Para mim foi chocante ver como se fosse um fuzilamento. Lidaram com ele (Bruno) como se fosse um marginal, coisa que ele nunca foi", afirmou em entrevista à Rede Globo.
Uma prima contou que o vício de Bruno começou quando ele ainda tinha 12 anos e desde o ano passado ele se tornou dependente de crack. "Antes era maconha. Em 2008, ele descobriu o crack", disse a moça. (Com Andréa Silva)

Avaliação
PM. O policial militar que atirou no jovem, ontem, vai aguardar decisão da Justiça Militar para poder voltar ao policiamento nas ruas. Ele terá de passar por uma avaliação psicológica antes, um procedimento padrão da corporação.



Fonte: OTEMPO