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sexta-feira, 12 de março de 2010

GOVERNADOR AMEAÇA PMS

Requião disse que se houver greve na poloícia “é cadeia e rua”. Praças não deixaram barato
Pela manhã, comando da PM reuniu a imprensa para falar sobre o movimento dos praças (foto: Jonas Oliveira)

Como não poderia deixar de acontecer, o governador Roberto Requião foi áspero contra o movimento de praças policiais militares que na noite de quarta-feira se aquartelaram nos 13º, 12º, 17º e 20º Batalhões da PM, em Curitiba e região. De Londrina, onde participava da solenidade de inauguração de um hospital público, Requião disse entender o direito de protesto, mas em caso de paralisação da categoria, “É cadeia e rua!”. Sobre o aquartelamento, o governador disse que se tratou de uma safadeza.

Durante a noite e a madrugada de ontem os policiais nãoatenderam a chamados — com exceção de casos urgentes — e se recusaram a deixar os quarteis. Tudo por causa do anúncio por parte do governo de um Projeto de Emenda Constitucional que prevê aumento para a polícia, mas que na visão dos praças — soldados, cabos, sargentos e sub-tenentes — beneficia em muito os oficiais, mas oferece um pífio aumento de R$ 300 para a maioria.

Depois de ver as palavras do governador correr os noticiários e a internet, eles responderam, também pela internet por meio de salas de bate-papo e microblogs. “Esse governador é uma piada”, dizia uma postagem. “Governador mesmo foi o Richa (José Richa)”. “Vai pular nas urnas”. Uma outra postagem questionava quantos policiais o governador conseguiria prender desde que o movimento permancesse unido.

Ontem de manhã, o comando da PM falou sobre o incidente com a imprensa e, de tarde, reuniu representantes de todos os batalhões para explicar como será o aumento. Desde a noite de quarta-feira, o comando trata a movimentação dos praças como um mal-entendido. Porém, o mal-entendido na visão do deputado estadual Mauro Moraes foi fruto da falta de comunicação do comando da PM e do governo. Além do que, o projeto não é nada esclarecedor. “O projeto é mal detalhado, e do jeito que está, cria duas polícias. Não podemos dividir a PM”, justifica o deputado.

Apesar de entender os motivos que levaram os policiais a tomarem a atitude radical, o deputado estadual Mauro Moraes (PSDB) fez um apelo, na manhã de ontem, para que a “família miliciana” mantivesse a calma. “Se já temos uma ssassinato a cada 45 minutos na Grande Curitiba, imagina se os policiais cruzam os braços. Fica tudo muito pior. Temos que lutar lá dentro (na Assembleia). Isso garanti a eles”, disse.

Moraes vai propor emendas ao projeto apresentado pelo governo para corrigir as distorções salariais. Assim que a PEC entrar em votação, Moraes deve apresentar as suas emendas, que serão construídas juntamente com os soldados policiais militares. “Mas basicamente vou apresentar duas propostas. Ou deve ser linear, com aumento na mesma porcentagem para oficiais e praças, ou então se aproveite a lei de escalonamento gradativo, que já existe”, adianta Moraes. Ainda conforme o deputado, a turbulência nos quarteis por conta da insatisfação geral já vinha de tempos, e ele advertiu o governo diversas vezes quando ainda estava no partido do governador Roberto Requião.

Efetivo trabalha normalmente

O comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens, garantiu na manhã de ontem que a tropa trabalha normalmente em todo o Estado e que a mobilização realizada por policiais na noite de quarta-feira em Curitiba foi motivada por um boato de que o reajuste salarial não seria satisfatório. Em Londrina, o governador Roberto Requião atribuiu ao boato um caráter político por conta das eleições deste ano. “O aumento é excepcional. Essa safadeza política a gente trata com firmeza”, disse o governador.
Na manhã de ontem, conforme matéria na Agência Estadual de Notícias, oito entidades de classe ligadas aos policiais militares publicaram nota coletiva de apoio ao projeto, que prevê aumento de mais de 25% do salário da PM e ainda incorpora ao soldo as gratificações, transformando, depois de completadas as quatro fases de implantação, o salário da PM do Paraná no terceiro maior do Brasil.

“Acreditamos que esta proposta de reestruturação na composição remuneratória representa um grande avanço não só na melhoria salarial dos integrantes da Gloriosa PMPR, mas também se traduz no resgate e na valorização da carreira policial militar e bombeiro militar”, afirma a nota coletiva.

De acordo com o comandante geral, 85% do efetivo da Polícia Militar terão reflexo imediato da reestruturação salarial da Polícia Militar, já na primeira fase da implantação, que será em abril. “É importante ressaltar que as entidades representativas da PM sempre tiveram conhecimento do anteprojeto e inclusive firmaram moção de apoio integral a proposta”, declarou Carstens.

Apenas 100 páraram, diz comando

De acordo com o major Everon Puchetti, da comunicação social da PM, o que houve na quarta-feira foi uma paralisação de cerca de 100 policiais do 13º Batalhão, do 17º, do 12º e do 20º Batalhão da Polícia Militar, por conta de um problema de desinformação aliado ao encaminhamento dado à PEC 300 no Senado Federal. A confusão começou na troca de turno, às 19 horas, quando se disseminou um boato de que os ganhos salariais propostos no anteprojeto de lei para reestruturação salarial da Polícia Militar seriam muito pequenos.
De acordo com a Polícia Militar, não houve grandes prejuízos no atendimento das ocorrências visto que foi feito um remanejamento para o atendimento de ocorrências emergenciais nos locais onde os policiais se negavam a trabalhar. A área mais prejudicada foi a do 13º Batalhão. Puchetti lembrou que duas operações policiais previstas para a noite de quarta-feira e madrugada de ontem foram mantidas.

Ontem, o comandante Luiz Rodrigo Larson Carstens, recebeu no Quartel do Comando Geral, policiais e bombeiros (soldados, cabos, sargentos e subtenentes), de todas as unidades administrativas e operacionais da Capital e Região Metropolitana, para detalhar a proposta de reestruturação salarial e esclarecer dúvidas. Desde a noite de quarta-feira os oficiais da corporação fazem reuniões e esclarecem todas as repercussões positivas dessa reestruturação a curto e médio prazo.

FONTE: bemparana.com.br