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quinta-feira, 24 de junho de 2010

24 DE JUNHO- DIA NACIONAL DE LUTA PELA VALORIZAÇÃO DOS PRAÇAS


Há treze anos morria o Cabo Valério

Escrito por Subtenente Gonzaga

Há treze anos nascia uma grande esperança para os praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais e para a Polícia e Corpo de Bombeiros.

Infelizmente, uma esperança plantada e regada pelo sangue de Cabo Valério, que, como um profeta e cordeiro a ser imolado pela cidadania dos seus companheiros, teve como derradeiro gesto e ato o esforço para promover o entendimento, a solução pelo diálogo, de um conflito. Conflito cuja origem estava no Palácio da Liberdade e no gabinete do Comandante Geral - ou no caminho entre os dois.

Já naquela época a Aspra, então Associação dos Subtenentes e Sargentos, teve uma atuação expressiva e, antes mesmo que o conflito se tornasse público, alertou ao Governo e Comando. Mas este alertas foram em vão, pois acreditavam eles que o RDPM era suficientemente capaz de deter qualquer tentativa de questionamento.

Isoladamente era verdade, mas não capaz de deter a união dos praças em busca de sua dignidade e de seus direitos.
O Comando, naquele momento, do alto de seu poder blindado pelo RDP e Código Penal Militar, decretou a sentença: “o que tinha que fazer foi feito, agora vocês aguentem as consequências”, disseram os interlocutores daquele momento (deixo de citar nomes, pois não faço neste momento análise de pessoas e sim de fatos). E qual era a sentença? A morte. Morte sim, pois no interior prédio do Quartel Comando Geral se posicionaram oficiais atiradores de elite, com a ordem de atirar nos manifestantes. Tudo isto para quê? Proteger o Governador do desgaste político de tomar decisão em favor da dignidade dos praças.

A ordem de Brasília, emanada pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB), era para que o governador de Minas não cedesse às pressões e usasse da força, para ser exemplo para os praças de outros estados. E quem cumpriu a orientação política? O Comando da Policia Militar.
Para evitar uma carnificina, esta lá Cabo Valério, cujo sangue há de ser lembrado, eternamente, pelos praças. Um tiro fatal o calou no exato momento em que pedia calma e paz.

Hoje nossas reivindicações não são mais ilustradas com companheiros na fila da cesta básica, nos barracos de lona e no banheiro do fórum, porque o sangue de Cabo Valério nos fortaleceu. Foi como se cada gota derramada tivesse sido transfundida para nossas veias, e nelas estivessem correndo até hoje.
A vida me deu o privilégio de ter sido escolhido pelos colegas para compor a comissão de negociação daquela crise e de, até hoje, como dirigente eleito da Aspra, poder participar de todos os processos de reivindicação e de busca de melhorias, sempre com conquistas, nem sempre na dimensão e com a extensão das nossas necessidades e desejos, porém sempre com bons resultados.

O dia 24 de junho é para a Associação dos Praças Policias e Bombeiros Militares de Minas Gerais - Aspra-PM/BM o dia nacional de luta pela valorização dos praças policiais e bombeiro militares, como forma de homenagear Cabo Valério, mártir de nossa luta, que com seu sangue, apressou o dia da conquista da cidadania dos Praças.




Fonte: Aspra