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terça-feira, 11 de outubro de 2011

LÍDER DO MOVIMENTO PEC 300 É PRESO POR LUTAR POR SALÁRIOS

OS MILITARES E A POLICIA


Mac Margolis
CORRESPONDENTE DA NEWSWEEK NO BRASIL
Polícia é polícia. Soldado é soldado. No discernir entre um e outro está o equilíbrio para garantir paz e liberdade democrática. Assim reza a cartilha do nosso tempo. Pena que o mundo conspira contra.

A violência na América Latina não é surpresa. Um estudo da ONU mostra a folha corrida da região. Para cada 100 mil cidadãos, a Venezuela amarga 49 assassinatos, a Colômbia tem 33 e o Brasil, 22. Na média latino-americana, são 16 homicídios por 100 mil habitantes, mais do que o dobro da mundial (6,9 por 100 mil). Isso sem nenhuma guerra convencional. Em apenas dois países, Honduras e Guatemala, matou-se mais no ano passado do que em todos os 27 países da União Europeia.

Agora, vem a guerra dos criminologistas. De um lado, os "minimalistas", que querem manter uma muralha entre Forças Armadas e polícia. Romper essa barreira, advertem, é um atalho para o inferno jurídico e o caos social, mazelas que a América Latina conhece bem.

Do outro lado ficam os que veem o perigo da desordem e a necessidade de tomar uma atitude antes que seja tarde. Segundo eles, quando o crime vira emergência, não há escolha: a sociedade precisa reagir com todo o arsenal que tem.

O debate se intensificou no ano passado com a invasão das favelas do Complexo do Alemão, um esforço conjunto da polícia com as Forças Armadas. O Alemão estava na fila da pacificação no Rio, um projeto a ser executado somente quando houvesse policiais treinados para uma ocupação pacífica.

A intervenção, aplaudida pela população, foi questionada por especialistas. Seria um novo pacto pela segurança ou o início do fim da ordem democrática? A resposta não é tão nítida. Ninguém quer trocar Cosme e Damião pelo Urutu. Soldados não são treinados para ser guardas. Mas o que fazer quando a polícia não dá conta?

A escalada do crime, o envolvimento de organizações transnacionais e o uso de tecnologias de ponta forçam a mão do Estado, que precisa responder antes que o caos se instale.

A fronteira entre crime comum e ameaças à estabilidade nacional está cada vez mais tênue. Embates convencionais são raros. Em seu lugar, crescem os conflitos internos, a insurgência e os combatentes sem pátria misturando-se com civis, muitas vezes com a conivência de autoridades constituídas.

A guerra do futuro envolve esses freelancers. Esses criminosos não precisam derrubar o poder constituído, apenas solapá-lo para garantir sua autoridade. A polícia, sozinha, dificilmente dá conta.

Militarizar o combate ao crime é arriscado. No México, o presidente Felipe Calderón enviou as Forças Armadas para combater o tráfico. Resultado: 40mil assassinatos desde 2006. Havia escolha? Talvez não, pois as instituições mexicanas estão ocas.

Agora, Honduras, com o pior surto de violência da região, estuda uma solução à mexicana. Se é o começo do fim da ordem democrática ou o início do ressurgimento dela é uma questão em aberto.



MS- PARABÉNS

Mato Grosso do Sul nasceu por meio de uma lei complementar, de 11 de outubro de 1977, instalada em 1° de janeiro de 1979, que desmembrou o estado do velho Mato Grosso. Surgiram assim duas novas unidades da federação, um novo Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul.

Mas a história do estado é bem antiga, e pontuada por muitas guerras. A Guerra do Paraguai - uma das mais marcantes na história do Brasil – acorreu aqui, entre outras que aconteceram durante toda a história sul-mato-grossense.

A chamada Revolução Constitucionalista de 1932 foi o marco para o estabelecimento do novo estado. O Mato Grosso era um só e as diferença entre o sul e o norte levaram a uma "guerra" interna.

Segundo consta, a parte sulista se desenvolvia muito mais rápido que a do norte. O sul contava com uma grande cultura na economia agropecuária e os atuais sul-mato-grossenses queriam essa divisão. Por esse motivo, aderiram à Revolução Constitucionalista, iniciada em São Paulo.

Em meados da Segunda Guerra Mundial, tínhamos o Brasil sob o comando de Getúlio Vargas e, por uma jogada de defesa na Guerra, Getúlio montou pólos de estratégia. Ele fez o decreto de nº 8512, que transformava o Mato Grosso do Sul em Território de Ponta-Porã, aumentando assim, o poderio militar nas fronteiras do país.

Mas foi apenas na década de 50, que o Mato Grosso se dividiu em dois estados. E oficialmente, em 1977, o presidente Ernesto Geisel sancionou a Lei Complementar nº 31, que criou a Unidade do Mato Grosso do Sul.

O professor de história da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, César Benevides, explica que essa divisão aconteceu por questões geopolíticas e não apenas geográficas. Ele aponta ainda que a geografia se redefine a todo momento, e que esse processo é natural. “Isso acontece em vários lugares à medida que o governo vai definindo novas medidas isso vai mudando. O que é muito natural. Essas divisões fazem parte do processo histórico”.

Benevides lembra que essa divisão tinha como objetivo fortalecer os dois novos estados e não aumentar rixas e divergências. “Penso que quem imaginou essa divisão o fez para fortalecer os dois estados e não incentivar briga entre os dois”.

O professor cita Ramez Tebet e diz que o político, falecido em 2006, era um dos poucos que desde o início vislumbrou tudo isso. “A separação não era para separar os mato-grossenses e sim para unir o sul ao Brasil, dizia Ramez Tebet”, conta Benevides.

“Ramez já naquela época tinha uma visão muito clara. Sem esse caráter rançoso que vemos hoje. Um regionalismo medíocre que se criou que não leva a lugar nenhum”, critica.

O lado de lá

Em um artigo disponibilizado na internet, o jornalista Onofre Ribeiro aponta que Campo Grande e Cuiabá, apesar de terem sido parte de um mesmo estado, não são exatamente cidades-irmãs.

Ele conta que em 1914, a Ferrovia Noroeste do Brasil passou pelo vilarejo de Campo Grande e chegou a Corumbá, modificando o traçado original, que era de Bauru (SP) a Cuiabá. Por questões de fronteira e pela experiência da guerra com o Paraguai, se desviou os trilhos, mas Cuiabá sentiu-se lesada e viu a vila tornar-se cidade de Campo Grande que, a partir de 1932 (época da Revolução Constitucionalista), começaria uma rivalidade histórica com Cuiabá.

Passada a divisão, a partir de 1979, os dois estados tomaram vida própria. Mato Grosso do Sul nasceu rico, bem estruturado, com ótimas vizinhanças de São Paulo, Minas e Paraná e orientado para o Sul-Sudeste do país.

Já Mato Grosso renasceu endividado com todos os compromissos do passado, com os aposentados, sem infra-estrutura de estradas e de energia e um rumo incerto. A única certeza no começo de 1979 era que um desastre econômico e político era iminente para o estado. Segundo seu texto, falava-se em quebradeira geral de uma economia que nascia para a agricultura, sem indústria, e amarrada nas ofertas de trabalho ligadas ao governo. Aconteceu o contrário.

Lá se vão exatos 34 anos da separação (1977-2011) e as mesmas questões continuam no ar.

Ao contrário de Onofre, Benevides lembra que os vizinhos ficaram com todos os arquivos históricos da época e que isso sim é riqueza. Ele aponta ainda que ao invés de ficar nessa discussão de MT e MS é preciso começar a conhecer o passado de forma mais responsável e começar a fazer discussões mais relevantes.

Fonte: midiamax