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quinta-feira, 6 de junho de 2019

Devassa do TCU aponta risco de corrupção em 90% dos órgãos públicos em MS


Investigação mirou 282 entidades federais, estaduais e municipais que, juntas, têm poder de compra de R$ 10 bilhões
EXCLUSIVO: Devassa do TCU aponta risco de corrupção em 90% dos órgãos públicos em MS

Auditoria realizada por uma força-tarefa comandada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), entre 2015 e 2017, aponta risco de corrupção em 90% dos órgãos públicos de Mato Grosso do Sul. Durante esse período, foram fiscalizadas 282 instituições púbicas da União, do Estado e dos municípios, como órgãos federais, entidades do sistema “S”, como Sesi, Senai e Sesc, conselhos de classes, prefeituras, secretarias e órgãos estaduais e municipais.

O resultado das auditorias foi aprovado por unanimidade pelo plenário do TCU, na sessão de 30 de abril passado. No relatório, de 155 páginas, o tribunal encaminha uma série de cobranças aos gestores públicos em Mato Grosso do Sul para correção de procedimentos sobre brechas que facilitam desvio de recursos e fraudes em licitação e contratos.

A conclusão, segundo o próprio TCU, é “assustadora” em razão do grande volume de recursos movimentado por esses entes públicos, que atinge R$ 10 bilhões. “Mais de 90% das organizações públicas de Mato Grosso do Sul possuem suscetibilidade alta ou muito alta à ocorrência de fraude e corrupção”, aponta o relator, ministro Augusto Nardes.

O tribunal explica que Mato Grosso do Sul foi escolhido para passar por esse pente-fino em virtude “dos diversos casos de corrupção de agentes públicos registrados no país e em Mato Grosso do Sul nos últimos anos”. Entre 2015 e 2017, foram identificados mais de 3 mil casos no Estado.

Para os auditores, o risco de fraude e corrupção com dinheiro público aumenta à medida que aumenta também o poder de compra das organizações públicas e o poder de cada uma delas de interferir no mercado privado, com o lançamento de grandes obras e projetos.

“Quando essas organizações que possuem alto poder de compra não adotam suficientemente boas práticas de prevenção, investigação, correção e monitoramento de situações de fraude e corrupção, bem como não possuem dirigentes preparados, honestos e atuantes, é esperado que esses casos ocorram de maneira recorrente”, argumenta o relator.

Alto risco

Entre os órgãos com alto risco de ocorrer casos de corrupção estão a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Incra e INSS, além de todos os órgãos municipais e prefeituras, inclusive a de Campo Grande, e grande parte dos estaduais.