É o que está acontecendo com o soldado Rogério Weiers. Ele corre o risco de perder o terreno onde mora com a mulher e dois filhos, em Embu (São Paulo). Isso porque, em 1999, durante uma patrulha, trocou tiros e perseguiu um veículo suspeito na contramão da rodovia Régis Bittencourt.
Na perseguição, o carro da polícia bateu em outro, que sofreu perda total. Os marginais fugiram. E aí começou o pesadelo de Weiers: a Procuradoria Geral do Estado quer que o soldado pague pelo prejuízo material. Essa dívida, na época de R$ 9.716, hoje está em torno dos R$ 50 mil.
É que o Estado é muito rigoroso, todos sabemos. Os caras são durões, não é mesmo? Como não deram moleza nem fizeram acordo sobre a forma de pagamento, a solução que acharam foi a de tomar a única propriedade do PM. Um terreno modesto, onde fica uma residência humilde, em parte ainda sem reboco. Casa de trabalhador.
E assim seria feito, se o soldado, no mais legítimo desespero, não postasse um vídeo na internet contando sua história. Em cinco dias, foram mais de 11 mil exibições. Os paisanos compraram a briga do policial. E vários colegas também se dispuseram a ajudar.
Fosse ele um servidor público corrupto, um meliante fardado, jamais estaria passando por isso. Primeiro, teria arrumado testemunhas falsas. No máximo, pagaria a despesa com o dinheiro do tráfico de drogas ou da bandidagem pura e simples.
Mas como é um homem humilde, mesmo usando com distinção o uniforme da Polícia Militar, teve que atingir a mídia para ser ouvido em seus direitos. Ele quer pagar. Assume o erro. Acha justa a sua punição. Mas quer ser tratado com respeito.
Para a procuradoria, aí já é pedir demais. Quem mandou não ter grandes advogados, amigos poderosos ou dinheiro para propinas? Está pensando que o Estado é duro com todo mundo? Não. Todos sabemos. Milhões são desviados dos cofres públicos, sem que retorne um único centavo.
Nada a ver com as mansões dos grandes traficantes, aquelas que nunca são confiscadas, nem mesmo localizadas. O Estado está preocupado em botar seus homens na rua. Literalmente.
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