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sábado, 28 de julho de 2012

SOBRECARGA DE TRABALHO AFETA SAÚDE DE POLICIAIS

A análise verificou prevalência de sofrimento psíquico em 35,7% dos policiais militares 
 Até que ponto os desgastes físicos e mentais do trabalho interferem na saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro? De acordo com um grupo de pesquisadores do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves) da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), uma série de situações relacionadas à sobrecarga de trabalho, aos constantes riscos e às relações tensas e conflituosas da profissão podem ocasionar significativa interferência. 
No artigo "Fatores associados ao sofrimento psíquico de policiais militares da cidade do Rio de Janeiro" - publicado na revista Cadernos de Saúde Pública tais questões foram investigados a partir de estudo com 1.120 policiais, e a prevalência de sofrimento psíquico foi constatada em 35,7%.
De acordo com os autores do estudo, no caso específico dos policiais militares, o nível de estresse tem sido apontado como superior ao de outras categorias profissionais, não só pela natureza das atividades que realizam, mas também pela sobrecarga de trabalho e as relações internas à corporação, cuja organização se fundamenta em hierarquia rígida e disciplina militar.
“No tocante aos policiais militares do Rio de Janeiro, as condições de saúde e de trabalho tendem a ser extremas, pois eles lidam com elevados índices de criminalidade de grupos organizados de criminosos armados. Os constantes riscos a que o policial militar se expõe, em função do exercício da profissão, levam-no em geral a sentir medo, por si mesmo e por sua família, tanto de ser reconhecido como agente da segurança nos períodos de folga do trabalho, quando aumenta seu risco de vitimização, como de ser agredido e morto no desempenho de suas funções”, afirma o texto do estudo.
 Estudo propõe reflexão sobre salários e condições de vida 
Na opinião dos pesquisadores, esse medo é uma forma de defesa do corpo e do espírito dos que vivem sempre alerta aos perigos. No entanto, quando o estado de tensão e o desgaste físico e emocional são constantes, eles podem gerar diversos prejuízos à saúde e à qualidade de vida; dentre eles, estresse e sofrimento psíquico. “A análise verificou prevalência de sofrimento psíquico em 35,7% dos policiais militares da cidade do Rio de Janeiro. Em relação ao tempo de trabalho, 13,2% dos que estavam há dez anos na corporação apresentavam sofrimento psíquico, contra 24% dos que trabalhavam de 11-20 anos e 16,2% dos que tinham mais de vinte anos na polícia”.
O modelo logístico elaborado demonstrou que fatores como capacidade de reagir a situações difíceis, grau de satisfação com a vida, comprometimento da saúde física e mental, carga excessiva de trabalho, exposição constante ao estresse e à vitimização influenciam o desenvolvimento de sofrimento psíquico nesse grupo de profissionais. Tais constatações, no entanto, vão além do processo de trabalho em si de acordo com o estudo, pois suscitam reflexões acerca dos salários, do processo de organização institucional, dos cuidados dispensados à saúde e das condições de vida pessoais e familiares desses servidores. “Merecem atenção especial os policiais que, pelas suas características de personalidade e pelo excesso de exposição ao risco e à vitimização, desenvolvem sintomas agudos e crônicos de sofrimento e de estresse cumulativo”, concluíram os pesquisadores.
 Canal Saúde / Fiocruz

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