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terça-feira, 2 de outubro de 2012

FARDAMENTO - CAPITULO 2


Policiais reclamam de renovação de farda e secretário afirma que só depois das eleições

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Graziela Rezende
Farda, camiseta, coturno, boina, algema, coldre (suporte para guardar a arma), tonfa (cassetete de plástico), insígnias (bordados) e coletes à prova de balas...O investimento é tão alto que de tempos em tempos policiais militares reclamam pelo fato de ter de comprar a vestimenta, algo que deveria ser reposto pelo governo.
Na prática, são os policiais que pagam, ‘do próprio bolso’, mas as fardas estão previstas para serem entregues a cada seis meses, de acordo com a Lei complementar 053/1990, do Estatuto da PM (Polícia Militar).
“Acho que a tropa está muito desassistida e órfã. Agora nós estamos nos juntando e comprando de uma costureira, que traz os panos da Paraíba e assim sai mais barato. É algo que sabemos que está na lei, mas como ninguém fala por nós é isso que acontece. No meu caso, recebi a última farda em 2008”, diz um policial que há 13 anos está na corporação.
Da mesma maneira diz o colega. Sentado, fazendo um boletim de ocorrência, ele ainda brinca. “Olha moça, não tem nem como te mostrar todos os locais que estão rasgados porque você vai ver coisa que não deve. Dias atrás, comprei um coturno dos melhores, e ele me custou R$ 400. Já o colete paguei R$ 200 e na farda R$ 120. Ou a gente compra, ou a população irá ter descrédito ao ver um policial com uma roupa velha”, diz o soldado.
Em outro pelotão, um policial com 23 anos de atuação, diz a mesma coisa. “A gente faz o que dá. Mesmo cuidando, com o tempo a roupa fica encardida e aos poucos eu vou repondo, porque não tenho nenhuma ajuda de custo para isso. Sei que a última vez que os colegas receberam farda foi em 2010, então a maioria está nesta situação”, comenta o policial.
Lojistas confirmam venda
Para confirmar a denúncia, a reportagem do Midiamax percorreu diversas lojas que vendem os uniformes em Campo Grande e a resposta dos proprietários foi unânime. Com o combinado de não se identificarem, por medo de represália, os donos das lojas disseram que realmente são os policiais, principalmente soldados e cabos, que arcam com a compra do próprio bolso.
”Eles choram, choram muito. Pedem desconto, dizem que não tem ajuda nenhuma para comprar aquilo e assim vai. Eu não posso fazer muita coisa, por isso fico só ouvindo as reclamações”, diz a proprietária de uma loja de artigos militares na região central da cidade.
Em outra, a dona disse que a reclamação é constante e que ela sempre aguarda a abertura de licitações do governo, realizadas uma vez por ano, mas que agora já não acontecem mais.
Secretário confirma falta de fardamento
Em entrevista ao Midiamax, o próprio titular da Sejusp/MS (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Wantuir Jacini, confirmou que faltam fardas.  ”Estamos no período eleitoral e agora as compras estão paradas, mas ao final deste período as licitações serão reabertas”, disse o secretário durante uma coletiva realizada em seu gabinete na última sexta (28).
Questionado a respeito das licitações, o Comandante Geral da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto David dos Santos, disse em março deste ano que licitações para a compra de uniformes estariam em andamento, porém em entrevista hoje, ele disse que o ‘processo ainda está parado no governo’.
”Ainda não teve andamento as licitações, mas assim que acabar as eleições vamos comprar farda para todo mundo”, garantiu o comandante da Polícia Militar.
Graziela Rezende

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