Policiais militares de Dourados estão com 80% dos coletes balísticos vencidos, um dos principais equipamentos de proteção e segurança dos servidores. Os dados são da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul (ACS/PMBM/MS), que denuncia ainda que este problema é uma realidade em todo o Estado.
De acordo com o diretor regional da ACS em Dourados, Aparecido Lima, dos 150 coletes disponibilizados para os policiais, cerca de 120 estão vencidos. Alguns desde 2009, ou seja, há 6 anos. “O colete vencido compromete a segurança do policial, já que determinadas munições podem furar o material. É o colete que vai definir entre a vida e a morte do servidor e se ele estiver ineficaz os riscos se agravam”, alerta, observando que no início deste ano, policiais de Mato Grosso chegaram a paralisar algumas operações por estarem com os coletes vencidos.
Outra grave situação para os policiais de Dourados denunciada pelo sindicato é a falta de um alojamento adequado dentro de unidades de saúde, como Hospital da Vida e Universitário. De acordo com Aparecido, os policiais que fazem a escolta de presos com doenças extremamente contagiosas como a tuberculose, ficam abrigados no mesmo espaço desses pacientes. “O ideal seria como é feito em Campo Grande, onde há uma sala com banheiro específico para o policial. Aqui os pacientes e policiais dividem estas mesmas estruturas, o que gera um grave risco de contaminações diversas para os policiais”, destaca, observando que o ideal seria 1 preso para cada 2 policiais, mas que por causa da falta de efetivo, que hoje seria de cerca de 300 PMs, Já houve casos de 1 policial ficar sozinho cuidando de quatro presos em hospital.
A Associação também informa a população sobre a falta de algemas. para os policiais. “Em 60% dos casos as algemas dos profissionais são compradas por eles mesmos. Outras algemas, como a de locomoção de presos, também estão em falta. Por causa disso temos que colocar de dois a três presos numa algema só durante o transporte diário que é de cerca de 30 por dia ao Fórum”, revela, observando que o déficti seria de 30 algemas. No último dia 24, a Associação em Campo Grande encaminhou que em muitos batalhões é muito grande a falta de segurança como coletes, algemas.
MP
O promotor de Justiça criminal, João Linhares Júnior, disse que vai oficiar ao comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar de Dourados, coronel Carlos Silva para averiguar os fatos relatados pala Associação, e se procedem. Se comprovados, o promotor diz que cobrará providências da Secretaria de Justiça de Mato Grosso do Sul.
OAB
Para o advogado Marcos Santos, membro da Comissão de Advogados Criminalistas da 4ª Subseção da OAB/Dourados, o fato de os policiais militares estarem usando equipamentos de segurança com prazos de validade vencidos só reforça a falta de prioridade com a qual o governo do Estado trata a segurança pública.
“Tão grave quanto remunerar mal quem tem a nobre missão de zelar pela segurança alheia é permitir que esses policiais saiam às ruas sem a certeza que seus coletes serão capazes de protegê-los”, ressalta o advogado. “O governo precisa fazer de conta que se preocupa com a segurança pública e passar a tratar essa área com responsabilidade, não apenas no que se refere à aquisição de viaturas e armamentos, mas, sobretudo, com a vida dos policiais militares e, também, dos policiais civis que ficam tão expostos quanto”, desabafa o advogado.
Ele cita como exemplo um episódio recente onde um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Luiz de Gonzaga Pereira Santos, foi baleado por um criminoso e morreu mesmo estando usando o colete. “O que aconteceu no mês de maio em Ouro Branco, no serão de Alagoas, pode acontecer a qualquer momento com um policial militar em Mato Grosso do Sul que esteja usando um colete com prazo de validade vencido”, alerta Marcos Santos. “Não é possível que o governo do Estado queira relativizar a vida de um policial, considerando que nem todo colete com prazo de validade vencido ofereça risco ao agente, mesmo porque se o equipamento de segurança tem vida útil, esta precisa ser respeitada para o bem do próprio policial”, completa.
Ainda de acordo com o criminalista, se um projétil calibre 38 foi capaz de perfurar o colete que deveria ser a prova de bala e tirou a vida do policial rodoviário, risco maior correm os policiais militares de Mato Grosso do Sul, onde a maioria dos criminosos não encontram qualquer dificuldade em atravessar a fronteira com o Paraguai e com a Bolívia e comprar pistolas de grosso calibre e ainda mais letal. “Espero que o governador Reinaldo Azambuja, que parece ser mais sensível à vida humana que seu antecessor, resgate a responsabilidade do Estado e substitua com urgência os coletes dos policiais de Mato Grosso do Sul”, finaliza o advogado.
http://www.douradosagora.com.br/dourados/80-dos-coletes-estao-vencidos-denuncia-associacao-de-militares
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